Pesquisar este blog

domingo, 8 de abril de 2012

Depoimento do parto da Pameli

Mais um dia feliz de minha vida
Exatamente há uma semana atrás eu me levantava para o meu último dia de trabalho antes da licença. Agora, era acordada por uma enorme vontade de fazer xixi. Fui ao banheiro e na 38ª semana de gestação, não armazenamos quase nada na bexiga, urinei mas parecia que algo mais precisava sair. Na sequencia uma dor forte logo abaixo das costas, durou um tempinho e passou, olhei e eram 6h20, um baita sono, voltei pra cama. Dormi rápido, mas depois de 20 minutos acordei novamente e a mesma vontade de urinar, levantei e fiz todo o procedimento e percebi que ao final da dor abaixo das costa, minha barriga já estava ficando dura. ‘Será que vai ser hoje’, pensei. Voltei a deitar-me. Mais vinte minutos e a mesma sequencia de fatos aí não dormi mais, mas não chamei ninguém, afinal de contas era uma dor suportável e eu estava bem. Eu estava na casa da minha mãe e por volta das 9 horas resolvi ligar para a doula pra ela dar um pulinho lá e checar se realmente este era o grande dia! Depois de duas tentativas consegui falar com a Rose, a doula, e ela surpreendeu-se de que já fosse o dia. A data prevista era 26 de dezembro e estávamos no dia 15. Ela chegaria em breve, estávamos há poucas quadras distância. Então falei com meu pai que a doula estava a caminho, pois estava com contrações. Ele ficou hiper preocupado quando ouviu ‘contrações’ e eu o confortei dizendo ‘Calma, que estou sentindo desde as 6h20 e está tudo bem’. Então ele perguntou-me o que era doula, só minha mãe, além do meu marido é que sabiam que eu seria acompanhada por uma, expliquei a ele e recebi a ajuda necessária para preparar o quarto para a chegada dela.
A Rose chegou rapidamente, toda sorridente e com a sua sacola cheia de instrumentos. Abri a porta e ela perguntou-me se eu já havia comunicado a todos, respondi que estava aguardando por ela para verificar se aquele realmente era o dia, pois não queria dar alarme falso. Ela ficou contente por eu estar calma. A Rose, além de doula é enfermeira obstetra e logo fez um exame de toque em mim e constatou que eu estava com dois dedos de dilatação e que realmente aquele era o dia da chegada do meu bebê, a hora, não podíamos prever. Eu e meu marido optamos por não saber o sexo. Depois de sete anos de casados, queríamos primeiro curtir a gestação. Desde o início sabíamos que ou o Heitor ou a Pâmeli chegariam. Diante da certeza do dia, resolvi ligar para o meu marido que estava trabalhando do outro lado de São Paulo. Ele surpreendeu-se com a notícia e combinamos que ele sairia do serviço no horário do almoço.
Iniciaríamos as atividades do trabalho de parto, mas eu ainda não tinha tomado café da manhã, pois não tinha fome. A Rose insistiu e eu peguei um pequeno pedaço de panetone e dois goles de suco. Primeiro, fizemos um relaxamento com luz baixa e música tranquilizante, que durou aproximadamente uma hora, depois fomos para a bola, alternando com outras posições em que eu abaixava, a Rose havia constatado que meu bebê ainda estava alto. Ela elogiou-me durante os exercícios, mas isto foi reflexo da preparação que tive ao longo de cinco meses com relaxamentos e hidroginástica em um grupo específico para gestantes na cidade de São Paulo, onde residia até uma semana antes do parto. As contrações continuavam e ela monitorava a duração e auscultava o bebê. Por volta das onze horas, ela sugeriu que eu ficasse na bola em baixo do chuveiro, aceitei e lá fomos nós. Quando resolvemos que era tempo
suficiente, senti vontade de evacuar. Todo o meu corpo naturalmente estava sendo preparado para o momento do parto, pouca fome, pensar em comida fazia sentir-me enjoada e agora meu intestino ficaria limpo. Depois do vaso, um bom banho e saí do banheiro. Voltei para o quarto e a Rose teve a ideia de que eu agachasse um pouquinho. Falei pra ela que estava desconfortável, mas ela insistia. Agachamos juntas, ela segurando as minhas mãos e senti que alguma coisa tinha saído, falei a ela e depois de ter olhado ela me disse: ‘Sua bolsa estourou. Agora vai iniciar o trabalho de parto franco’. Havia saído um pouco de líquido e um pequeno pedaço do tampão, uma gosma com poucos pontos avermelhados, mas não senti qualquer odor. Eram 12 horas.
As contrações começaram a ficar mais fortes e aquela dor debaixo das costas também, eu respirava fundo e me concentrava, pensando que já ia passar. Então a Rose vinha com um óleo e massageava as minhas costas, o que aliviava a dor. Pouco tempo depois um novo exame de toque e seis dedos de dilatação! A evolução estava muito boa, avisava a doula. Esta informação e segurança vinda de alguém experiente, tranquilizava-me. Resolvemos ligar para minha médica, depois de algumas tentativas falamos com ela e nos dirigimos ao hospital, sem antes tomar uma colher de mel e preparar uma bolsa de água quente, para aliviar a dor durante o percurso. Meu irmão, muito tranquilo, conduziu o carro. Que maravilha, só pessoas calmas próximas a mim neste momento. Trânsito fluindo bem, fomos pela orla da praia, um dia lindíssimo e ensolarado, passava das 13 horas.
Chegamos e fui para a sala de repouso continuar com os exercícios, pois as contrações estavam menos espaçadas e cada vez mais fortes, a dor nas costas então, nem se fala, quando vinham eu avisava a Rose com voz chorosa que mais uma contração tinha iniciado. Ela vinha com aquele oleozinho e a abençoada mão fazer a massagem. Ah... como aliviava e me fazia enfrentar bem aquele momento, sem sofrer, apenas passando pelo necessário, mas sem padecer. Tive de passar pela médica plantonista, pois não tinha uma guia de internação. Ela constatou que eu estava com seis dedos de dilatação. No percurso até o hospital não houve qualquer progresso. Precisávamos fazer mais exercícios.
Após a minha liberação subimos para o centro obstétrico e acompanhada da doula continuamos os exercícios lá dentro. Eu rebolava, sentava na bola, durante as contrações parava, respirava fundo e a Rose fazia massagem. Pouco tempo depois minha médica chegou e pediu para deitar na cama, quando passasse aquela contração. Deitei, ela fez exame de toque e pediu que eu fizesse uma forcinha e depois de duas forcinhas constatou, nove dedos de dilatação! Faltava muito pouco. Ela perguntou se realmente eu não ia querer anestesia, pois o anestesista estava prestes a sair do centro obstétrico. Afirmei que não. Estava tudo seguindo como eu imaginara. Continuamos nos exercitando. Pouco tempo depois minha médica chama para uma nova olhada, aí eu já sentia que meu bebê estava coroando, deitei na cama e ela exclama: ‘Que bebê cabeludo! Levanta e vamos para a sala de parto, que na próxima contração nasce’.
Há cinco passos dali estava a sala de parto, deitei e na segunda contração senti passando a cabecinha e depois o corpinho e a médica afirmando que acabara de chegar a Pâmeli! Rapidamente ela foi colocada sobre a minha barriga, olhei primeiro para a região dos genitais, para me certificar e depois para o rostinho. O mistério havia acabado às 15h15 e
estava sobre mim a pessoinha para quem eu cantara os últimos nove meses e passei a nutrir um amor imenso! Ela chorava, comecei a conversar com ela, e por procedimento do hospital logo teve de ser levada. Chegou com 49 cm, 3.470kg e recebeu notas Apgar 9/10. A placenta saiu logo e na sequencia a médica terminou os procedimentos, pois tive uma pequena laceração sendo necessários seis pontos. Enquanto isso eu chorava agradecida a Deus, por ter conseguido, por tudo ter fluido bem e rápido. A doula continuava comigo acariciando a minha cabeça.
Meu marido ficou preso no transito de São Paulo e infelizmente não chegou a tempo de vê-la nascer. Quando ele chegou no hospital eu já estava no quarto. Espero que no dia do nascimento do próximo bebê ele nem vá trabalhar!
Considero esta uma experiência maravilhosa, que só foi possível em decorrência de alguns fatores: 1º Eu sabia o que queria – desde antes de engravidar eu queria um parto normal, 2º Preparação – fiz atividade física preparando o meu corpo e li bastante além de conversar com pessoas que já passaram pela experiência, preparando a minha mente. Temos medo do desconhecido e se você conhece as etapas não é surpreendida pelo totalmente novo; 3º cercar-se de bons profissionais – pessoas preparadas e que respeitem a sua opinião. Afinal de contas este é o meu parto e eu sou a protagonista desta história!

Nenhum comentário:

Postar um comentário