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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Relato de Parto da Lia



Pra falar da chegada do Miguel, eu preciso voltar 4 anos no tempo e resumir o que foi a espera de Henrique, meu primeiro filho.

No final de 2007, descubro que estou grávida e vou realizar o grande sonho da minha vida, ser mãe !

Logo depois descubro que estou esperando um menino, como sempre imaginei que seria.

A gestação correu maravilhosamente bem, engordei 10 kg no total e ao completar 39 semanas e 4 dias, escuto do meu médico da época que eu não tinha nenhum sinal de que entraria em TP, que ele só esperaria até 40 semanas e que, como eu não estava dilatando, deveríamos marcar a cesárea o quanto antes mas desde que não passasse de 40 semanas.

Esta consulta foi no domingo, marcamos pra segunda.
Quem ousaria não acatar às ordens de seu médico, querido, fofo, um amor, aos 47 do segundo tempo?

E pro dia seguinte, 01 de setembro, marcamos a chegada do Henrique.
A cesárea foi "tranquila", não senti nada, me mostraram o Henrique bem rapidamente qdo nasceu, e logo já o levaram de mim para os
"cuidados" iniciais.

Duas horas e meia depois é que trouxeram ele de volta, de banho tomado e todos os procedimentos "padrões" das maternidades realizados.  

Tenho uma foto dele, qdo nasceu, e tem nada mais nada menos que 8 mãos ao redor dele para realizar esses procedimentos. Choro e mto cada vez que vejo que o meu bb não foi respeitado naquele momento e o nosso contato foi privado de uma maneira sem limites.

Não tive problemas quanto ao leite, qdo ele chegou no quarto já abocanhou certinho a mama e o colostro começou a vir imediatamente.
Anos depois, mais precisamente em 2011, decidimos que era o momento da família aumentar !

Três meses depois de começarmos oficialmente as tentativas, bingo, eu estava grávida de novo ! E o mais "curioso" na mesma época que engravidei do Henrique, teríamos dois filhos nascendo no mesmo mês, com a incomparável diferença de que, dessa vez, era o Miguel que escolheria a hora de nascer.

Henrique amou a idéia de um irmão, mas pra ele desde o começo, quem tava na minha barriga era a Mirella.

Como a certeza dele era tanta, acabei pensando que estava certo e mal tinha nomes para meninos. Um grande amigo nosso, nosso cumpadi Octavio veio nos visitar e “palpitou” q realmente era um menino na minha barriga.

Nesse dia pensei: “Preciso de opções pra nomes de menino, vai que ...”

No caminho para a ultrassom de 15 semanas, onde veríamos o sexo perguntei pro André qual nome seria se fosse um menino. Ele ainda relutou e disse: Mas é uma menina !

O médico do ultrassom liga a tela e eu bati o olho em algo familiar, falei pro André ... é um menino ! E o médico confirmou !

Perfil do Príncipe

O "documento"

Na volta, ainda estáticos com a notícia (NOTA- eu sempre soube que seria mãe de “meninos”) começamos a pensar no nome.

Eu tinha comentado que gostava de Murilo e naquele momento “escuto” no meu ouvido o nome “Miguel”.

Olhei pro André e disse: Murilo ou Miguel? Ele: Miguel !

E ali estava escolhido o nome do príncipe ! Como não acredito em coincidências e o nome me foi soprado com nitidez e clareza em meu ouvido, tenho certeza que era assim que ele imaginava e queria se chamar ! E que assim fosse !

Tempos depois tive um sonho lindo, em que eu “via” o Miguel nascendo, vindo direto pro meu colo e no sonho vi que ele seria igualzinho ao irmão, porém, teria o cabelinho mais escuro.
Comecei o pré natal com o mesmo médico fofo e querido. As consultas demoravam 3 horas na sala de espera e no máximo 10 minutos dentro da sala. Saia de lá sempre achando que estava sendo "tocada" pra fora, mas como era o único que eu conhecia e meu plano atendia, continuei indo às consultas.

Em um dado momento, logo no inicio da gestação, alguém me comentou sobre a Yoga Pré Natal, do Namaskar Yoga, da Adriana Vieira. E antes mesmo de completar 10 semanas eu já estava freqüentando as aulas.

Participei por dois meses, 2x por semana, foram momentos incrivelmente felizes, de encontro comigo mesma e de ensinamentos que viriam a me ajudar demais nos finalmentes.

Nessas aulas, conheci mulheres – Ale Dardaque, Irina, dentre outras -  que tinham conseguido o seu tão sonhado VBAC (Parto Normal Pós Cesárea) e aquilo me fez acreditar que eu podia sim chegar lá.

Nas consultas, ao perguntar ao GO fofinho, se não teria problemas em ter meu parto normal pós cesárea, mto vagamente ele respondia que não tinha problema algum.

Após a queridíssima Ana Branco, que conheci na Yoga, conseguir o seu VBAC, fui apresentada e imediatamente me apaixonei pela Doula Rose Pereira, a qual naquele momento decidi que seria a minha Doula para o meu “renascimento”.

Comecei minhas buscas, minhas pesquisas para saber ainda mais sobre esse mundo do Parto Normal, coisa que sonhei a vida toda mas não imaginava que teria tantos "obstáculos" pela frente.

Algumas amigas apareceram para iluminar meu caminho, como foi com a querida Carla Martins, que não só me mostrou seu relato de parto, como me emprestou uma chuva de livros que me deixariam ainda mais firmes da minha decisão. Serei ETERNAMENTE grata por acreditar em mim, por me aturar cheia de perguntas e por me ajudar nessa linda caminhada !

Preciso agradecer também à chamada pra “terra” que levei da Obstetriz Ana Cristina Duarte, quando, numa troca de e-mails ela me “trouxe para a realidade” dizendo que ao continuar o acompanhamento com meu GO fofinho eu acabaria novamente em uma mesa de cirurgia pois ele não compraria o meu parto. Ele novamente deixaria a gente chegar na porta do gol e depois chutaria do jeito que fosse melhor PRA ELE e não pra mim.

No momento em que li aquilo tudo eu fiquei meio sem ação, precisava fazer algo e logo para que meu sonho pudesse se tornar real !

Logo depois foi iniciado lá no grupo da Yoga, a Roda de Mães, que conta com reuniões mensais abordando diversos temas de gestação e maternidade. Na primeira roda a palestrante seria a minha ginecologista de toda a vida Dra Izilda Pupo. Aquilo tinha que ser um sinal pra mim, eu abracei e no mesmo momento que ela chegou fui conversar com ela sobre a possibilidade de acompanhar meu Pré Natal e meu Parto, papo vai, papo vem, combinamos que eu iria ao consultório dela no dia seguinte. Ela tinha sido a responsável pelos VBAC das amigas já referidas no texto acima, fiquei ainda mais empolgada com tudo por esse motivo !

Com 25 semanas eu estava lá, mostrei todos os exames já feitos anteriormente, e ainda que meu plano não fosse aceito por ela, eu e marido conversamos muito e decidimos que "arcaríamos" com as consultas e tudo o mais no sistema de reembolso. Era mto importante pra mim e pra ele, ainda que o valor do reembolso fosse pouco, realizar esse sonho não concluído.

A gente não tinha esse dinheiro guardado, seria bem apertado pra pagar mas qual é o sonho que não se vale a pena lutar???? (E bem ou mal, carnê a gente faz a vida toda né? rsrs)

Pronto, agora eu podia ter segurança de que iria parir como devia e não como o médico achava melhor.

* Meses após voltar pra Dra, fiquei sabendo de MTAS histórias do meu ex GO fofo, e mtas desculpas esfarrapadas para que no final bebês nascessem como ele queria e não como deveria ser*

Meus encontros com a Doula Rose começaram com 20 semanas, muita conversa, massagens, Reiki, DVDs para assistir, livros pra ler, todo o subsídio que eu realmente precisava pra chegar lá.

Com as férias escolares, não consegui mais freqüentar as aulas de Yoga, afinal tinha o Henrique pra eu cuidar "full time" e acabei com muita dor no coração sem voltar às aulas.

Mas ainda assim, eu e André, fizemos o Curso para Casais Grávidos, tb ministrado pela Adriana e pela Rose e saímos de lá completamente felizes de que tinhamos mais conhecimento para o grande dia.
Adri e Rose 

Adicionar legenda


Como eu não podia ficar sem exercícios (coisa de ex atleta que não consegue ficar parada), acabei encontrando a irmã de uma querida amiga de infância, a Nadja Stamato, que vinha em casa realizar sessões de Pilates para gestante.

Até o final da gestação 2x por semana fazíamos muitos exercícios na bola, alongamentos, etc. Foi mto gostoso e me ajudou bastante tb no dia.

Henrique fazia questão de participar de tudo !
Bom, agora vamos ao final da gestação. Gestação esta que tb se passou sem intercorrências, tudo lindo, tudo perfeito, engordei 13 kg e ouvia de minhas amigas que "de costas eu nem parecia que estava grávida".

Barriga de 39 semanas
Fui uma grávida SUPER ativa ! Caminhei quase que diariamente, fazia exercícios em casa na bola, fora dos horários de aula em si, não parei um minuto. Até um dia antes do parto eu ainda trabalhei nas encomendas que estavam agendadas pra loja.

Caminhei muuuito, fosse na rua ou no mar !
Chegamos às 39 semanas com nenhum sinal de trabalho de parto. Como estudei bastante não estava preocupada, estava SUPER tranqüila de que meu corpo iria funcionar na hora certa e de que tudo correria bem.

"Meu filho sabe a hora de nascer, meu corpo sabe como fazê-lo nascer"

Ouvi isso da minha doula em um de nossos relaxamentos e virou meu mantra desde então.

Fiz uma carta aberta no Facebook “permitindo” a chegada do meu bebe, comecei a tomar chá de canela com gengibre e, junto com o marido, fizemos uma oração de agradecimento pela gestação, de “adeus” à barriga e de boas vindas ao nosso novo integrante dessa família que se ama tanto e que ansiava tanto por sua chegada !


Com o passar dos dias, as pessoas iam ficando cada vez mais tensas e ansiosas e era só eu dar Bom Dia, no Facebook e choviam perguntas do tipo:
E esse bb não nasce não?

Confesso que eu já estava "sem filtro" no final da gestação, e apesar de estar muito tranqüila com relação ao tempo do meu filho e do meu corpo funcionarem, eu passei a deixar de comentar as publicações na rede social, de atender à telefonemas, me fechei mesmo na concha.

Eu PRECISAVA de paz, PRECISAVA manter meu corpo e mente sãos, focados e interligados única e exclusivamente na energia do nascimento, na energia da chegada de uma vida. E assim o fiz, tenho certeza que, grande parte das amigas ansiosas entenderam o meu momento, agradeço a todas que compreenderam o meu silêncio e o meu afastamento temporário.

Não tinha nada pessoal com ninguém, era só a "leoa" começando a preparar o terreno de receber seu "leãozinho". E que só precisava de respeito em seu momento.

Mais uma vez, meu agradecimento àqueles que souberam me respeitar ;)

40 semanas chegaram e, no dia anterior à este, comecei a perder o tampão.
Era meu corpo mostrando que tudo estava bem e que estava começando a funcionar...

As pessoas ficavam cada vez mais tensas que eu já havia completado as 40 semanas, como se eu fosse uma “elefoa” que gesta seu bbzinho por 23 meses.

Ao andar na rua, conversar com conhecidos ou não, era essa a impressão que todos passavam, que eu gestaria para sempre ...

Sem contar que, com o tamanho da barriga, ninguém mais me dava oi olhando nos meus olhos, era um oi focado para o meu umbigo, do tipo, não é possível, ela vai explodir ! rs

Na consulta das 40 semanas, 1 cm de dilatação. Vibrei de felicidade pois na gestação do Henrique nem isso eu tive tempo de deixar acontecer, e agora tenho dúvidas se aconteceu e o médico não me "escondeu" essa informação.

No dia seguinte, consulta de novo e um colo molinho e já um pouco mais dilatado do que no dia anterior. Sai de lá xoxa, achando que meu corpo demoraria um século pra 'pegar no tranco'.

Fui caminhar com o marido na praia e as palavras e o apoio dele foram fundamentais para que eu pudesse crer que estava acontecendo, era questão de dias !

Na quarta feira pela manhã, dia 19 de setembro, eu teria nova consulta as 8:30 para avaliar meu progresso. Quando foi 04:45 eu acordo com uma cólica dolorida. Fiquei quietinha na cama e 10 minutos depois ela veio novamente.

Não me animei, tentei dormir e 10 minutos depois outra cólica... Pensei vou pro banho, se não for trabalho de parto elas vão espaçar e/ou parar. Fui pro banho e fiquei lá cerca de 1 hora.

Continuei contando, e elas continuaram de 10 em 10 minutos. Acordei o marido que imediatamente ligou pra Doula. Uns 20 minutos depois ela já estava em casa. Avaliou, analisou que ainda estava bem longe e mandou que eu descansasse, curtisse o marido, que seria naquele dia, mas que iria demorar um pouco ainda.

Pedi que ela avisasse a Dra e resolvi não ir na consulta. Alguns minutos depois a Dra me liga e diz que quer avaliar assim mesmo.

Vou pro consultório e chegando lá 2 cm de dilatação. Combinamos que quando o bicho pegasse eu ligaria pra ela.

Nesse meio tempo lembrei que alguém tinha me contado sobre Acupuntura pra ajudar o TP a pegar ritmo. Entrei em contato com a Ellen Infante, que já conhecia da Roda de Mães e combinamos de fazer uma sessão conjunta com a Doula Rose para relaxarmos e o TP engrenar.

Deixamos minha mãe responsável por levar o Henrique na escola e fomos, eu e marido.
A Ellen logo chegou e começou as agulhadas. Durante o processo as contrações já foram para 5 em 5 minutos e as dores ficaram um pouco mais intensas.


A maluca das "agúias" como eu apelidei a queridissima Ellen

Quando acabaram as agulhinhas, marido foi o primeiro a receber Reiki e depois foi a minha vez.

Saímos de lá nos sentindo super tranqüilos e voltamos caminhando até a nossa casa.

A cada contração eu já não conseguia me manter conversando, tinha que inspirar e expirar bem fundo quando elas vinham. Mentalizava as ondas que estavam trazendo meu filho e sorria ao final de cada uma delas. Pensei comigo, se a dor continuar assim vai ser tranqüilo ...

Tomamos lanche com minha mãe, irmã e Henrique que logo já preparou sua mochilinha para passar a noite na casa da vovó. Precisava que naquele momento ele tivesse curtindo e não preocupado com a mamãe.

Dei um beijo nele, avisei que logo o Miguel estaria chegando e ele foi feliz da vida curtir a Vovó e a Tia. Confesso que dei uma choradinha depois que ele saiu pq nunca mais seríamos só “eu e ele” e ao mesmo tempo estava pra chegar o melhor presente que eu podia lhe dar !

Henrique dando tchau pra barriga !
Neste momento a Doula voltou em casa para me avaliar, disse que estávamos caminhando mas ainda “longe” e pediu para que eu e o marido tentássemos descansar. Que nos falaríamos mais tarde.

Tomamos banho e fomos deitar. Ao me posicionar, cheia de travesseiros ao redor, uma contração mais forte vem e não me deixa ficar daquele jeito.

Mudo de posição, viro e reviro na cama tentando achar um jeito de ficar confortável para tentar descansar um pouco. Não consigo !

Levantei pra ir ao banheiro e dou de cara com uma joaninha na beirada da minha cama ! Como ela tinha ido parar ali eu não sei, só sei que era sinal de boa sorte com certeza !

Visita ilustre durante o TP
As contrações continuavam de 5 em 5 minutos e qdo vinham era uma cólica ardida que só. Ficar deitada era impossível, me apoiei no marido sentada e ele me amparava a cada nova onda que estava por vir.

Quando foi lá pelas 23 horas decidi ir pro chuveiro pra ver se as dores aliviavam na água quente. Foi entrar embaixo dágua e receber uma msg da Doula em meu celular: Se estiver acordada me ligue !

Pedi pro André ligar e ele avisou que eu não consegui dormir e que estava no chuveiro para aliviar as dores. Ela prontamente disse que estava a caminho, que estava chegando a hora desse bebê conhecer o mundo.

Quando chegou eu ainda estava na água, o poder de alívio era muito bom. Saí do chuveiro para que ela me avaliasse (NOTA: Minha Doula é Enfermeira Obstétrica e sendo assim podia fazer os toques para avaliar a evolução do TP) e ela com sorriso amarelo me avisa que está indo bem mas não diz nada sobre quantos “dedos” estavam.

Ali eu vi que ia ter que “rebolar” pras coisas andarem.

Falando em andar, ela sugeriu que fossemos caminhar na rua, detalhe, neste dia fez 40 graus em Santos, estava um vendo quente e abafado, e lá fomos nós, Eu, Rose e Marido caminhar pelas ruas da região.

Desci de escada – moro no 6º andar – andamos por meia hora e a cada contração a Doula pedia que eu abraçasse o maridão, em algumas contrações ela pediu que eu abraçasse umas árvores. Eu tava topando qualquer negócio, bora pegar a energia da natureza pra fazer a minha natureza agir !

Voltamos, subimos novamente de escada e as dores começaram a apertar. Logo depois chega em casa a amada Doula e Acupunturista Ellen, ela não só iria nos acompanhar, como fotografar esse momento tão especial.

Rose fazendo massagem na lombar durante uma contração. E eu "sibilando" o siiiiiiiiiiii 
Desse momento em diante as dores começaram a tomar um nível completamente diferente. As contrações vinham de 4 em 4 minutos e duravam algo em torno de 1, 1 minuto e pouco. Não sei ao certo, a Ellen estava calculando pode dizer melhor do que eu.

Comecei a adentrar as portas da Partolândia, lugar que eu tava doooooooooida pra conhecer e não tinha a menor idéia do que me esperava por lá.
As contrações vinham cada vez mais doloridas, já não queria mais ficar de camisola, os exercícios na bola já estavam me deixando impaciente. Em um dado momento a Ellen oferece as agulhinhas pra aliviar a dor na minha lombar. Falei pra ela que podia agulhar o que ela quisesse, se fosse pra me aliviar, podia colocar até mil agulhas em mim.
Rose ouvindo o "foco" do bb
Quis ir pro chuveiro novamente, coloquei a água quente, no calor de 40º graus que estava, me senti tonta, sai da água, tentei comer, fiquei enjoada.

A Rose disse que era bom, que era sinal do meu corpo trabalhando. Não tenho noção de quanto tempo se passou, aliás, não tenho muita noção de nada que se passou por ali, MUITA coisa eu esqueci completamente.

Sei que a Rose tb pediu pro André tentar descansar um pouco, ainda estávamos longe da “hora P” e que quando as coisas apertassem ela e eu iríamos precisar dele inteiro.

Nesse momento fiquei meio triste que ele não estava comigo mas pensei, se a Rose está falando é pq ela sabe o que diz.

Ficamos na sala, de luz apagada, eu, Ellen e Rose e entre uma contração e outra contei a história de como conheci o André, falamos amenidades e demos risada.

Reiki  entre as contrações
Num dado momento as dores mudaram de padrão, a cada nova contração um grito saía da minha garganta, não era questão de eu pensar: Olha, lá vem outra dor, grite !

O grito simplesmente saía, não tinha controle, e durava até a onda passar.

Pela foto se imagina os decibéis do grito !
Deviam ser umas 4 da manhã quando comecei a gritar. Naquele momento não lembrei que tinha vizinhos, que podia acordar o povo, eu estava em contato com o meu eu e nada mais importaria ali.

Lembro que antes do TP começar falei pro marido: “Hj você vai conhecer a Fiona ! Nem eu sei como ela é, então prepare-se para o pior !!!!”

Sim, a Fiona tinha chegado ! Volto pro chuveiro, a Rose me oferece a bola e eu decido que quero sentar no banquinho de cócoras. Tava ficando irritada com a bola ela não tava sendo parceira o suficiente naquele momento (risos).

Entrei na água novamente, me acomodei no banquinho e as 3 contrações mais doloridas de todo o mundo vieram uma seguida da outra. Dei um berro, mandei a Rose chamar o André, dane-se se ia demorar, queria meu marido me segurando ali naquele momento.

Bendito banco de cócoras, deu uma guinada na dilatação
Nessa mesma hora começo a falar que quero ir pro hospital e que chegando lá eu ia tomar anestesia ! Nem que fosse uma picadinha mínima !!

Eu ainda não tinha nem 5 cm de dilatação, como sobreviveria àquelas ondas até os 10?
E qto tempo mais eu iria suportar?

O André correu pro chuveiro e falei: EU VOU PRO HOSPITAL AGORA !!! E ele ta bom ta bom, nisso a Rose, vem novamente e fala: Vamos esperar mais um pouquinho pra acordar a Dra? Vc consegue, vc agüenta, pode ser?

No intervalo da contração respondo que sim, em seguida vem uma ainda mais intensa e eu grito: NÃO QUERO ESPERAR !

A Rose calmamente passa a mão no telefone e liga pra Dra.

Diz que eu to pedindo pra ir pro hospital e que quero anestesia.

(NOTA: Deixei todo mundo avisado que na hora da “covardia”, quando eu pedisse pra tomar anestesia, era pra dar na minha cara, fazer de conta que iam dar e depois não dar, enfim, que me enrolassem pra que eu não fosse tomar).

A minha AMADA Dra no telefone diz, pode levar ela pro hospital, mas avisa pra ela que ela NÃO VAI tomar anestesia ! Lá a gente monta a banheirinha e ela vai se sentir mais confortável.

Na hora fiquei puta, mas depois vi que ela sabia o que tava fazendo e que tudo ia dar certo !

Fiquei MTO enjoada e corri pra vomitar, já quase não tinha nada no estômago, o que tinha se foi por ali...

Nesse momento eu já não sabia mais nem quem eu era direito. Outra contração veio e a Rose quis avaliar durante pra saber como estávamos.

Ela olha pra mim e abre um mega sorriso: 5 cm ! Vamos pro hospital !

Quando eu levanto da cama ... chuaaaaaaaaaaaaaaaa, parte da bolsa se rompe e eu que pedi por isso a gestação inteira fico ainda mais grata por Deus ter me ouvido. Eu só queria ir pro hospital quando estivesse realmente “parindo”.

Agora tentem imaginar a cena.

Eu estava enrolada na toalha, a Rose pergunta, com que roupa vc vai?
E eu: Eu vou assim mesmo ! E ela: Não filha, assim vc não vai !
E eu: Então eu vou com essa camisola aqui ! – visto a camisola e não percebo que estou com metade da bunda pra fora ...rs
Ela pergunta se eu não tenho um penhoar e eu mal conseguia responder, catei outro vestido longo, coloquei de qquer jeito e fomos.

Toalha no meio das pernas pq a bolsa tinha rompido, cabelo preso no topo da cabeça, pingando de não enxugar direito, uma sandalinha qquer que estava no caminho da saída (pq eu iria descalça na boa rsrs) e a vontade de me teletransportar pra dentro do hospital num piscar de olhos ...

Pensa que eu tava preocupada? Tava era doida pra esse bebê nascer !
O trajeto da minha casa pro hospital leva 10 minutos de dia, na madrugada, sem carro algum na rua, levou 5 mas pra mim parecia 1h e meia !

Fui no banco de trás com a Rose e o André dirigindo.

Lembro de ter dito pra Rose que queria fazer cocô ! E ela falou q eu não queria, que era meu filho que estava vindo !

Enqto ele ia parar o carro entramos na recepção. Daí aquela coisa de hospital, vc chega parindo e o recepcionista: Moça os documentos ? Por muito pouco ele não viu a ira da Fiona pulando pra cima dele e mostrando que documento o que meu senhor, o meu filho tava nascendo.

A Rose, com toda sua experiência fala alguma coisa pra ele, que eu só lembro de flashs, e me leva para a sala de avaliação.

Nisso vem outra contração e na sala de espera uma família de umas 10 pessoas que aguardava por um bebê que estava vindo ao mundo por uma (desne) cesária, me viu tendo uma contração daquelas. Tenho certeza que eles nunca mais vão esquecer a cena de eu me segurando em algum lugar que não lembro onde era e atingindo uma alta nota vocal hahaha.

Entramos na sala de avaliação e a Rose ao fazer o toque olha pra mim, abre um baita sorriso e diz: 8 cm !!!! E nesse momento a bolsa, que havia rompido alta terminou de romper lavando o chão com o líquido amniótico, clarinho, limpinho, como deveria ser.

Falei que ela tava mentindo pra mim e ela disse que não, que finalmente era hora do meu bebê nascer.

Fiquei em êxtase, foi uma eternidade para chegar nos 5 cm, e em menos de meia hora eu vou de 5 a 8 e começo a sentir vontade de empurrar !!!!
Chegamos no Pré Parto e começamos a arrumar a sala para que Miguel chegasse ali mesmo, não queria ir pro Centro Cirúrgico !!!

O André demorando com a papelada, eu ficando sem posição e desse momento em diante eu lembro de pouquíssimas coisas. Se não fosse a Ellen ter filmado eu teria apagado MTO do que vivi ali, é algo TÃO intenso, TÃO único e TÃO primitivo que vc realmente se fecha pra o mundo de fora e se abre para o seu mundo de “dentro”.

Sei que em dado momento o André entrou, UFA! Que alívio ter ele ali !




Se não tivesse ele pra eu me apoiar, não sei nem como seria.

Rose aplicando Reiki, Marido me amparando

Tentamos que eu me acomodasse de várias formas e acabou que a melhor posição que eu me encontrei foi sentadinha no banco de cócoras.


Tão lindo olhar essa foto e ver que eu tive liberdade pra achar a melhor posição pra mim !
(NOTA: O plano inicial era que Miguel nascesse na banheira, mas tanto chegamos no hospital “já parindo” quanto o banheiro da suíte pré parto estava com o chuveiro queimado e não teria água quente pra enchermos).

Em pouquíssimo tempo a Rose avalia e diz que estou com dilatação total, era só questão de “fazer força” para que meu filho nascesse. A Dra ainda não tinha chegado, quer dizer, tinha eu só não sabia, tinham feito a minha internação como cesárea e ela estava resolvendo isso.

A Rose nesse meio tempo disse: Eu estou pronta e vc? Se a Dra não chegar eu estou aqui !

Marido ajoelhado do meu lado eu agarrada nele, deixei unhas no rosto dele e uma torcicolo que ele jamais vai esquecer rsrsrs

Respirando fuuundo e unhando o marido ! rs


Viu, dava até pra sorrir nos intervalos !

Ganhei beijo e tanto carinho ! Ô coisa boa !

Doula e Marido coladinhos em mim dando todo suporte do mundo !
Me senti pronta, os puxos eram involuntários, vinham com uma força louca.

Eu já não sentia mais dor, no momento que os puxos começam a coisa muda de figura. Não é dor, é pressão que você sente.

Lembro ali que esqueci de levar o CD que eu tinha gravado mas não seria por isso que não teria música, começo a cantar mentalmente a música Nascer, da Isadora Canto, que diz:

“É a hora esperada, vamos nos conhecer ! Vou olhar em sua alma e amar-te ainda mais ! Agora quero ver vc nascer, agora somos eu e vc!”

Começo a me sentir cada vez mais forte para que aquele momento TAO esperado chegasse e logo !

Abre a porta e pronto, meu sorriso se ilumina, a Dra chegou e não faltava mais ninguém!

A Dra queridissima chegou já me fazendo carinho !
Quer dizer, faltava sim, o Miguel que tava quase ali.

A Dra me pede pra tocar e sentir a cabeça dele, a Rose já havia pedido e naquele momento eu tinha dito não.

Decido tocar e sinto a cabeça cheia de cabelinhos ali na portinha, pronta pra sair.

E não é que dava pra sentir o cabelinho mesmo?
Não senti o círculo de fogo que li em muitos relatos, sentia uma pressão lá embaixo e posso dizer que senti arder bem pouquinho no momento em que ele estava saindo.

Nesse momento foram algumas poucas forças, um grito animalesco que veio de dentro do meu eu mais primitivo, alguns poucos segundos de silêncio e um chorinho rouco com uma boquinha linda tremendo logo em seguida!

Vem ele, todo melecadinho de vérnix, de dentro de mim diretamente pros meus braços !



O amor maior do mundo, Miguel tinha finalmente chegado !

Se não fosse a filmagem eu tb não lembraria do que disse. Mas revendo me emociono ainda mais quando em êxtase eu digo repetidamente: “A gente conseguiu filho ! A mamãe te ama, você é MTO bem vindo !”

Todo mundo deveria passar por isso uma vez na vida ! A emoção de sair de você pro seu colo é algo que não se expressa em palavras, só quem passou por aquilo é que sabe do que eu estou dizendo.

Olhos nos olhos assim que nasceu, um bico lindooooo quando foi chorar, lembro de ter olhado as mãos dele que eram enormes, lembro de que imediatamente vi que ele era A CARA do Henrique.

Não consegui chorar, minha emoção foi tanta que eu entrei num alfa, num mundo mágico, estava definitivamente com meu sonho realizado !

No meu colo ele ficou por um bom tempo. Esperamos o cordão parar de pulsar e o papai chorão, que emocionou até o pediatra de plantão, realizou o sonho de corta-lo.


Papai cortando o cordão
Lembro de ouvir o pediatra avaliando ele ali mesmo e dizendo: Esse ai é 10, ta nítido que é 10 ! (referindo-se ao apgar).

Logo depois a placenta puft, e eu mal sinto ela sair. O Miguel é levado pelo pediatra com o meu consentimento para as avaliações iniciais e peço para o marido acompanhar tudo.

Neste momento eu poderia tranquilamente levantar e sair pra jogar futebol. Estava de forças renovadas, não sentia dor alguma e todo o cansaço de estar há 26 horas "trabalhando" pra que meu bebê chegasse tinha ido embora como num passe de mágica !
Recebo os parabéns da MINHA equipe e a Dra pergunta se eu já não quero tomar banho antes de subir ao quarto que ficaria hospedada junto com o Miguel.
Renovada, me sentindo a mulher maravilha e morrendo de fome rsrs
Lembro de ter perguntado, quero mas como faz? E a Rose, levanta ué ! E eu levantei da cadeirinha de cócoras e andando fui até o banheiro que era no meio do corredor.

Tomei banho, voltei pro pré parto, a Rose me ajudou, separou tudo pra mim e penteou meu cabelo. Nisso o Miguel já estava de volta, ainda enroladinho em lençol do centro cirúrgico prontinho para experimentar o leitinho da mamãe.

Assim como o irmão, nasceu sabendo mamar, ficou me namorando por um tempo e logo depois abocanhou o “Tetê”.
Nesse momento peguei o celular e liguei para os meus pais, André ligou pros dele e não conseguimos segurar a emoção. Eu ainda não sabia nem quantos kgs e cm ele tinha nascido pq isso só saberíamos quando ele fosse tomar banho lá no andar do meu quarto.

Subimos juntos para o quarto, ele foi tomar banho, ser pesado e medido.

51 cm e 3.800 kg !!!

Eu nem acreditei que pari um bebê desse tamanho. Ah e levei apenas dois pontinhos de laceração leve, que foram feitos ali mesmo pós banho no “Pré Parto”.

Tive um parto natural, sem episio, sem anestesia, de cócoras pós uma cesárea. Saí desta experiência com a sensação de que se eu consegui isso tudo, não há nada mais que eu não possa conseguir na minha vida !!!!
Agradeci muito à Rose, Ellen e à Dra por acreditarem em mim e estarem comigo naquele momento tão divino de minha vida !

Mas agradecimento mesmo eu preciso fazer é ao meu marido, pq sem ele, nada disso teria acontecido.

Preciso agradecer à todos os dias que ele agüentou o meu mal humor, os meus pedidos de comidinhas fora de hora, as massagens no meu pé, as dúvidas, as indagações, os dengos, os choros, as noites que ele dormiu encolhidinho no canto da cama porque eu ocupei quase todo o resto com travesseiros, barriga, e etc ...

O mundo de filmes, leituras, textos e vídeos do Youtube que o fiz assistir, ao colo que ele me deu durante o trabalho de parto e no momento do nascimento do nosso príncipe número dois.

Preciso me desculpar tb por te-lo deixado todo arranhado e com torcicolo de tanto agarrar nele no momento em que o Miguel nascia, mas era necessário, a força que ele me deu estando ali “pra mim” é que me fez ter ainda mais garra de alcançar o meu objetivo, a minha meta, a minha grande realização.

Amor da minha vida, sem você, nada valeria a pena ! Obrigada por embarcar comigo nessa viagem e por me divertir tanto, por me amar e por me respeitar sempre !

E antes de encerrar eu preciso agradecer também ao Henrique, meu filho mais velho.

Quando engravidei do Miguel, me culpei e chorei muito por achar que estaria causando algum tipo de “dor” para o Henrique.

Jamais teríamos aqueles momentos a sós, jamais seria só dele e ele só meu.

Ao mesmo tempo seria muito egoísta da minha parte não dar a ele um irmão de presente. Tenho em mim que o melhor presente que um pai pode dar ao seu filho é esse. Minha irmã foi a minha grande e melhor companhia durante toda a minha vida.
Sou mto grata aos meus pais por isso !

Por muitas vezes me questionei se conseguiria amar outra criança da mesma forma que eu já amava o Henrique, sentimento este que eu não tive a menor dúvida quando peguei Miguel em meu colo a primeira vez.

O amor era o mesmo ! EXATAMENTE o mesmo !

Mais lindo do que isso foi o momento em que Henrique entra no meu quarto do hospital, carregando o irmãozinho no carrinho e completamente apaixonado fala: Miguelzinho, eu amo você ! Beija, abraça e quer pegar no colo o irmão que ele esperou longoooos 9 meses pra conhecer. E ali se iniciava uma nova fase em nossas vidas !



Agradeço a todos que tiveram paciência de ler até aqui e espero que tenham gostado dessa minha viagem ao centro de mim mesma e termino este longo texto dizendo uma frase “clichê” mas que faz todo sentido:

Nunca desistam dos seus sonhos !!!!

Beijos

Lia, André, Henrique e Miguel !


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