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quinta-feira, 30 de junho de 2016

Depoimento do Parto Domiciliar de Juliana e Thiago

Relato do parto domiciliar do meu primeiro filhote, o Caíque. Dia 28 de janeiro de 2016.
Papai: Thiago Freitas
Doula: Luana Granado
Parteiras: Rose Pereira e Driele Alia
A gravidez
Passei a gravidez inteira super tranquila (no sentido de não ter ansiedade pq tive aquelas oscilações de humor básicas, claro hahahahah). Amei estar gravida, queria que passasse bem devagar pra eu curtir cada fase dele ali dentro da minha barriga, cada chute, cada soluço. Mas quando chegaram as 38 semanas não teve jeito, a ansiedade me pegou. Sou uma pessoa que planeja bastante as coisas, e aquela situação de esperar por algo que nem sabia como e nem quando ia acontecer começou a me deixar meio maluca. Nessa fase me afastei da tudo e de todos, não queria ninguém me pressionando sobre quando ele ia nascer, como se eu tivesse que ter uma data limite. Chegaram inclusive a me perguntar qual a data que o médico colocou como limite. Sem comentários. Isso só piorava minha ansiedade. Além disso ninguém sabia que o parto ia ser domiciliar. Pra mim essa era uma decisão somente minha e do meu marido, e que tomamos depois de muita busca por informação. E sabia que quem não tem informação suficiente sobre isso tende a julgar e se preocupar. Não queria tomar essa decisão nem pra provar pra família que era seguro, nem deixar de fazer o PD por influência de opiniões contrárias, tinha que ser uma decisão 100 % nossa.
Apesar de saber que poderia tranquilamente ir pra 42 semanas, essa nossa cultura de que 40 semanas é o limite da gestação de alguma forma nos afeta.
Cheguei em 40 s com bebê encaixado, colo médio, mas o único sinal eram algumas fisgadas na virilha que começaram nas últimas semanas. Vida normal, dirigindo, caminhando na praia, indo na feira, mercado. E os aplicativos do celular que davam informações sobre a gravidez semana a semana disseram: oi, seu bebê já nasceu! E acabaram ali, nas 40 semanas! Sem comentários 2. E a ansiedade aumentando.
O parto
No dia 26/01 Com 40 s e 2 dias finalmente um sinal, o tampão. Uhuul que alegria, tava esperando tanto por um sinal. E naquela tarde começaram algumas contrações. Ahh que delicia, amo essas contrações! É isso então uma contração? (não tinha conseguido identificar ainda com certeza uma contração até ali). E foi um dia inteiro de prodromos. As contrações vinham a cada 30, 20, 14 minutos. Tentei me manter ocupada. A tarde fiquei na piscina do prédio, a noite fui com meu marido comer em uma pizzaria. Não dormi a noite, às contrações vinham a cada 15 minutos mais ou menos. Mas de manhã espaçaram e consegui dormir acordando a cada 30 minutos com contrações ainda bem suportáveis. Fiquei na cama até 13 h dormindo quebradinho, seguindo conselhos, consegui descansar pra ter energias pro parto. Apesar de que ainda estava
negando pra mim mesma que seria logo. Acho que não queria criar falsas expectativas.
Quando meu marido chegou do trabalho, por volta das 19h, às contrações começaram a ficar mais certinhas e doloridas, a cada 6 ou 5 minutos. Pedi pra Doula vir, e ela chegou acho que perto da meia noite, já doía muito, eu ficava na bola que naquela hora era a posição mais confortável. As massagens faziam a dor ficar muito suportável, nossa, como ajudou! E assim foi até a equipe chegar acho que era perto das 5h da manhã. Nesse momento as dores já eram muito fortes, às contrações ritmadas a cada 3 minutos, e estava com 4 cm de dilatação, pronto, começou efetivAmente o trabalho de parto. A partir daí não lembro as horas e os detalhes. Sei que gritava muito, era o que aliviava minha dor. Chuveiro, bola, queria ficar sentada. Deitada doía mil vezes mais e eu pensava como alguém consegue parir ficando o tempo todo deitada? Como? Ahhh 6 cm, piscina, aliviou muito a dor, me ajudou a relaxar. Massagem aliviava, mas não tanto quanto antes. Meu marido e a Doula tentando me alimentar, eu vomitei algumas vezes e não queria comer nada. Eles insistindo, consegui com muito sacrifício tomar umas colheres de açaí, um copo de água de coco, meia fatia de pão. A dor aumentava e os gritos também. Até que dilatação total. Mas já? Que rápido, achei que ia demorar muito mais. Não sei que horas começou o expulsivo, me falaram que demorou umas 3 horas. Não consigo descrever a dor, tão intensa, tão avassaladora. Gritava, gritava e nada do bebê descer, nem da bolsa estourar. Era uma contração quase atrás na outra. Chegou uma hora que eu tava exausta, só queria descansar, não pensei em nenhum momento em desistir, em anestesia, em ir pro hospital, só queria um tempo pra recuperar, uns 10 minutinhos pra dar uma dormidinha, ahh se fosse possível hahahaha não conseguia mais andar nem agachar, não queria mais chuveiro nem piscina nem nada. Lembro que uma hora fiquei sentada na cama, a Luana colocou umas almofadas entre mim e a parede e falou pra eu tentar descansar entre as contrações, e não é que eu consegui? Eram dormidinha se segundos, praticamente desmaios de exaustão entre uma contração e outra, mas me deu uma energia. Fui pro banquinho e ali Encalhei apoiada no meu marido, e nada me fazia sair dali. Até que a rose veio e falou algumas coisas que não lembro, mas me fez tirar forças não sei de onde e consegui levantar, mudar de posição, agachar, levantar a perna, caminhar até a sala. Juro, Não sei como consegui. Não tinha mais forças. Me convenceram a ir pra piscina, eu também não queria, mas foi ótimo. Meu marido entrou comigo e consegui recuperar um pouco a sanidade. Caíque descia bem devagar. Coloquei a mão e senti a bolsa intacta já parte saindo e a cabeça dele ainda mais alta. Passou um tempo assim, não sei quanto. Me falavam pra tentar não gritar tanto, pra tentar concentrar a força no expulsivo e não na garganta. No começo dizia que não conseguia, mas de novo, tirei forças não sei de onde e quando consegui fazer isso, depois de algumas contrações senti algo diferente! Tem algo aqui, eu gritei. Era ele vindo! E nada da bolsa estourar. Sai da piscina por sugestão da Dri e fiquei de 4 apoios no colchão, e foi ali que depois de mais 3 contrações ele Nasceu, empelicado...só consegui ver na foto, a bolsa estourou logo que nasceu. Estava um pouco molinho de cansado desse expulsivo super longo e cansativo. Mas logo se recuperou. Ele nasceu com 55 cm e pesando 3,845 kg. Tão incrível como aquela dor tão avassaladora simplesmente foi esquecida quando ele nasceu. Foi substituída por uma emoção, um amor, um orgulho, tantos sentimentos que não tem como explicar. Rapidinho a placenta saiu, eu tive uma laceração pequena que não precisou de ponto. Fomos pra cama, ele logo mamou bem direitinho, e como mamou nos primeiros meses, foi um grupinho no peito da mamãe 24 horas por dia (atualmente ele gruda no peito só de madrugada Hahahah). O puerpério foi intenso, confesso que me preparei para o parto, não imaginava o depois, mas isso é um caso à parte rs....
Agradecimentos e afins
Agradeço ao meu marido, sem ter palavras pra dizer o quanto ele foi importante, o parto foi nosso. Ele trabalhou junto comigo o tempo inteiro pro nosso bebê nascer, me dando força, me segurando, me alimentado, me consolando. Nosso amor só floresceu naquele dia, que sem dúvida foi o dia mais especial, emocionante e marcante de toda as nossas vidas!
Agradeço a Luana. Bom, até aquele dia eu sabia por ter me informado que ter uma Doula durante o parto era essencial, mas no fundo eu ainda não tinha entendido o real motivo. Claro que ela já tinha sido muito importante inclusive pra tomar as decisões relativas ao parto. Mas depois do parto não restou mais duvidas, ela foi incrível, apoio, alívio, cuidado, força, tudo sempre passando uma super tranquilidade e suavidade. Agora falo com total certeza e convicção. Ter uma Doula é fundamental.
Agradeço a Drieli. Sempre monitorando tudo, com todo seu conhecimento, foi quem me trouxe a segurança de que tudo ia dar certo, de que tudo estava indo bem, e isso é tão necessário. Além de ter sido de extrema ajuda no pós parto.
Agradeço a Rose, com toda sua serenidade, paciência e experiência, que quando eu já não escutava mais meu marido e a Luana (deve ter dado pra perceber pelo relato que rolou uns vários momentos de teimosia minha com eles hahaha) ela se aproximava nas horas certas pra falar as coisas certas e como uma mãe me fazia seguir seus conselhos de comer, mudar de posição, me mexer. Mesmo quando parecia impossível conseguir, me fazia tirar essa força de algum lugar. Sem contar os dias que antecederam ao parto que ela me ajudou de várias formas a segurar a ansiedade.
Todo mundo que tava ali foi pedacinho essencial desse momento. Sinto que sem uma peça, não ia funcionar. Foi a equipe perfeita, o parto perfeito, como deveria ser, pra mim, pro meu bebê, pra nossa família!
Estar em casa, que por sinal é o lugar que eu mais amo estar, só com pessoas que eu confio, me movimentando, gritando a vontade e ficando nos cantinhos que eu conheço e me sinto bem. Tudo foi essencial. Se fosse no hospital não sei se iria conseguir...tenho a sensação que ter feito o parto domiciliar foi a maior e melhor decisão que já tive em toda a vida!

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